Em Encruzilhada Hamlet (hoje e amanhã, às 19h, no Teatro Barreto Junior), os personagens Hamlet e o Coveiro removem a cova onde foram enterrados há cinco séculos e ressurgem no ano em que a peça está sendo mostrada. Com eles, vêm à tona as artimanhas do patriarcalismo, a restringência da morte, a extenuada luta de classe, a inconciliação dos opostos, o êxtase aflitivo de ser criador e criatura e a má fé das promessas e dos pactos sorridentes dos que detêm qualquer tipo de poder e se consideram superiores aos seus (des)semelhantes.
Foto: Val Lima
Nesta encruzilhada de inumeráveis caminhos, interpretações e interpenetrações, as personagens de todos os teatros brincam de adquirir autonomia figural, para além dos golpes certeiros de Pirandello. Rejubilam-se com a artificialidade do mundo e dos homens: céu de teatro, terra de teatro, luminares de teatro, luz de teatro, voz de teatro, gente de teatro que ainda acredita no teatro, trabalhador de teatro.
Encruzilhada Hamlet não é uma adaptação do Hamlet shakespeareano, mas um texto original, dividido em três partes assim denominadas: Um retábulo para os luminares celestes, Um retábulo para os espíritos e Um retábulo para os loucos e deserdados. O texto/encenação rende homenagem à arte de jogar em cena e a todos os trabalhadores do teatro: do bilheteiro ao ator, revalorizando o cenotécnico, o maquinista, o cortineiro, o aderecista, o contra-regra, o eletricista, o iluminador, o operador de som, todos os artífices e oficiantes da liturgia teatral.
Os ingressos custam apenas R$ 1.
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